Arte em suas mais variadas fases no Brasil
Por Paulo Marcondes Neto*
Como conceituar Arte em um período, no Brasil, em que pegamos o “Barco Andando” ? Nossa mais usual referencia é a bagagem Européia. É fundamental ressaltar que fomos descobertos em 1500 d.C., e que passamos a ser efetivamente colonizado em 1530 d.C. aproximadamente.
As coisas no Brasil estavam na linha evolutiva da pedra polida quando Pedro Álvares Cabral chegou a Porto Seguro. Nossos primeiros habitantes viviam nus e adoravam espíritos diferentes, do ponto-de-vista conceitual, de nossa visão Judaico-Cristã. Os nativos foram logo endoutrinados a adorarem figuras do Europeu, daí a Cristianização e Neo-Aculturamento. Este processo é atual até os nossos dias tanto nas Américas , assim como na África e Ásia.
Pesquisas mais aprofundadas de antecessores de nossa descoberta da América, são constantemente postos a prova; se não consideradas absurdas por linhas mais conservadoras e dominantes. É fundamental relacionar a Arte com a Evolução da Historia e Religião.
Voltando ao Velho Mundo, a Europa, em Portugal nossos patrícios; A Influência Mourisca foi uma realidade por sete séculos( Pensem que fomos descobertos a cerca de cinco séculos).Isso nos faz refletir as transformações que ocorreram e estão a ocorrer. Paulatinamente, enquanto Portugal vivia o Período Manoelino, leia-se obras neo-Medievais, a Itália vivia o Renascimento. Personalidades como Leonardo da Vinci, Michelangelo, e Frei Luca Paccioli tornar-se-iam ícones na Cultura Universal. Não somente no campo das artes, mas também nas ciências. Arte na Vanguarda Européia inspirava-se na Cultura Greco-Romana. Pela primeira vez em séculos, havia a preocupação com forma, proporção, luz e sombra. O Nu era retratado como Nu, sem maiores preocupações com pudor.( O que veio a tornar-se objeto de discussões acaloradas). Começava uma ciência nova , a Proto-Arqueologia.
A Arte do Brasil era predominantemente Sacra. Os vínculos com a Colônia impunham e ditavam normas estilísticas tanto na Arquitetura , como na Escultura, Pintura e Música. Alguns Mestres se destacaram como : “O Aleijadinho”,no período colonial e anos mais tarde Benedito Calixto e Pedro Américo no período Imperial. Mas a desvinculação com padrões Europeus aconteceria somente no século XX.
O ano de 1922 foi um divisor de águas para nossa cultura. Acontece em São Paulo A Semana de Arte Moderna, e predomina a “quebra” do vinculo com o academismo na pintura, poesia e artes em geral. Nomes como Mario de Andrade , Tarsila do Amaral, Menotti Del Pichia, estremecem os conceitos até então existentes como normas Acadêmicas na Pintura.
No Mundo, aparecem nomes como Van Gogh, Pablo Picasso, Salvador Dali, Marcel Duchamp e Andy Warhol. Eles representam respectivamente: Impressionismo, Cubismo, Surrealismo, Dadaísmo e Pop-Art.
Arte se pulveriza e de modo exponencial transforma-se, refletindo o espírito de uma determinada sociedade na linha do tempo. Não podemos nos esquecer da realidade em que viveram três dos mais marcantes impressionistas: Paul Cézanne, Van Gogh e Gauguin, todos em desespero solitário procurando uma mescla de técnica e emoção. Também conhecido como: “Complexo do Artista”;
Cézanne foi um precursor. Quis iniciar do zero como se não houvesse um antecessor. Sua arte foi bombardeada com criticas ferozes, mas não desistiu. Fez mais, tornou-se um estudioso da composição, forma e cor. No final venceu, foi reconhecido.
Van Gogh procurava representar coisas simples, humildes, do dia-a-dia com a mesma devoção e respeito que pintava temas grandiosos como o Sol radiante.
Gauguin desistiu da Europa. A considerava “muito correta”, “sistemática”. Refugiou-se no Tahiti onde trabalhou por anos. Registrou um mundo diferente, selvagem onde os padrões Europeus eram superfulos. Voltou a Europa e expôs. Foi reconhecido, assim com Van Gogh, postumamente.
Voltemos ao Brasil. Quais lições podemos tirar da experiência dos Artistas Impressionistas? Foram os primeiros a quebrarem o paradigma , leia regras, na Arte que por séculos imperou para aqueles que queriam dominar o conceito de Arte. Tudo passou a ser re-pensado. Era e estaca zero. Muitos brasileiros abraçaram esta concepção. Foi o caso de Di Cavalcantti e Candido Portinari, ambos inspiradores dos artistas contemporâneos.
(*) Paulo Marcondes Neto é um renomado artista plástico paulista, com exposições realizadas na Galeira Mali Villas-Bôas e Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, entre outras. Mais informações em: http://www.artegraphicus.com/
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